Crítica: Ninho do Terror (2018)



Um dos seres vivos mais repulsivos, as baratas habitam a Terra há aproximadamente 300 milhões do ano, muito antes do surgimento do Homo sapiens. Elas ainda conseguem sobreviver até um mês sem a cabeça, alimentam-se de quase tudo e estão no chocolate que comemos - um estudo feito nos Estados Unidos demonstrou que uma barra de chocolate tem, em média, oito resíduos de baratas, que entram em contato com o cacau colhido para o preparo do doce.

Junte esses fatos a toda a cultura de nojo e desprezo por esses insetos e, pronto, você tem o monstro perfeito para um filme de terror. Um filme trash, asqueroso, violento e divertido. Infelizmente, não é o caso de Ninho do Terror, que se leva a sério demais e desperdiça seu enorme potencial.

Na história, inspirada em um romance de Eli Cantor, os habitantes da ilha de North Port começam a presenciar acontecimentos estranhos. Páginas de livros são arrancadas, alimentos do mercado são devorados e até um cão é destroçado vivo. Ao investigar o caso, o xerife Richard Tarbell (Franc Luz, de Harry e Sally: Feitos um para o Outro) acaba descobrindo que as criaturas são resultado de uma experiência genética de uma grande corporação apoiada pelo prefeito da cidade (Robert Lansing). 

Híbrido de gato com barata de Ninho do Terror
O primeiro erro do filme, visível logo de cara, é tentar criar uma dramaticidade envolvendo o retorno de Elizabeth (Lisa Langlois) à sua cidade natal, onde reencontra o xerife Tarbel (seu ex-namorado), desabafa sobre os problemas de relacionamento com o pai e tenta explicar por que abandonou tudo o que tinha em North Port. Ou seja, tudo o que você adoraria ver em um filme de drama água com açúcar, mas não em um terror com baratas! Em vez de colocar os insetos assassinos em ação já nos primeiros minutos de filme, o diretor Terence H. Winkless (responsável por alguns episódios de Power Rangers na década de 90) e o roteirista Robert King (da série The Good Wife) desperdiçam um bom tempo de tela com diálogos que não acrescentam em nada.

Repetindo a estratégia de esconder ao máximo o monstro assassino - algo já feito em Tubarão (1975) e Alien, o Oitavo Passageiro (1979) -, Ninho do Terror acaba decepcionando por não entregar o que promete. Nada de baratas gigantes assustadoras: os insetos vistos no filme são inexpressivos perto daqueles antenudos voadores que encontramos em nossas casas. Com exceção de um híbrido de gato com barata que tem pouquíssimo tempo de tela (mais um vacilo do longa), não há nada nos quase 90 minutos que chegue perto de causar a mesma repulsa de não conseguir matar um desses artrópodes que aparecem no seu quarto à noite e ir dormir com a impressão de que, a qualquer momento, seis perninhas estarão escalando seu corpo.


design da barata rainha, composta por esqueletos de humanos mortos, e a transformação de um dos personagens são tão mal-feitos que dispensam qualquer tipo de comentário - em se tratando de visual dos monstros, o filme de Winkless tem muito a aprender com o clássico A Mosca (1986). Como se não fosse suficiente, os insetos do filme ainda produzem ruídos repetitivos e artificiais sempre que mostrados em tela. 

Em meio a tantos defeitos, o elenco tenta fazer o que pode: as atuações ficam no meio-termo entre o ruim e o bom, até mesmo porque os atores não têm culpa de estarem na pele de personagens tão mal-escritos. A cientista vivida por Terri Treas é um deles, já que o roteiro não se decide se ela é uma vilã ou uma aliada dos mocinhos - ao mesmo tempo em que parece encantada com as suas criações, a doutora Hubbard ajuda no plano para exterminar as baratas mutantes da ilha.

Sem mortes criativas e sem saber usar o humor (que seria muito bem-vindo em uma história como essa), Ninho do Terror é um filme que não diverte, não dá nojo e tampouco assusta. Assustador mesmo é comer um chocolate lembrando que há partes de barata nele ou ir dormir sabendo que esses insetos podem "beliscar" seus pés e mãos em busca de alimento. E para quem costuma cochilar sem escovar os dentes ou limpar a boca, a surpresa pode ser maior ainda...










POSTER

FICHA TÉCNICA
Título Original: The Nest
Ano: 1988 • Duração: 89 minutos
Direção: Terence H. Winkless
Roteiro: Robert King
Elenco: Franc Luz, Robert Lansing, Lisa Langlois, Terri Treas 
Sinopse: Na história, inspirada em um romance de Eli Cantor, os habitantes da ilha de North Port começam a presenciar acontecimentos estranhos. Páginas de livros são arrancadas, alimentos do mercado são devorados e até um cão é destroçado vivo. Ao investigar o caso, o xerife Richard Tarbell (Franc Luz) acaba descobrindo que as criaturas são resultado de uma experiência genética de uma grande corporação apoiada pelo prefeito da cidade (Robert Lansing). 

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